domingo, 15 de novembro de 2015

Literatura - Dicas para quem escreve - 3 - Harmonia do Estilo




Defeitos do Estilo

Os defeitos de estilo que devem ser evitados

1- Escrever o período em ordem inversa:

"As flores encantam, pelo seu vivo esplendor, nossa vista" (errado).
"As flores encantam nossa vista pelo seu vivo esplendor" (certo).

Um autor brasileiro, porém, costumava tirar das construções inversas belos efeitos: Simões Lopes Neto. No conto "A Salamanca do Jarau" ele se valia dos recursos de repetição e de inversão, procurando com a 'repetição' firmar no espírito do leitor certos fatos centrais e com a 'inversão' imprimir à narrativa certo tom coleante. Com ambos os recursos ele adensava as zonas de sombra e mistério da história. Veja os seguintes exemplos do referido conto:
"Talvez deitado estivesse entre as carquejas".
"Fui sentenciado... condenado fui".

2 - Uso frequente de pronomes relativos e locuções conjuntivas. Usa-se, em vez disso, as preposições coordenadas. Ex.:
que... que... porque... por causa... como... 

3 - Uso frequente de parêntesis.

4 - Acréscimo de palavras supérfluas ao período, depois de terminado.

5 -  Evite o hiato: Vai o aio à aula.

6 -  A colisão das mesmas consoantes: Ela falou a Frederico sobre o fato.

7 -  Eco ou repetição das mesmas sílabas ou mesmas palavras: Estava encantada com a fada da qual emanava tanto encanto...

8 - Cacofonia: Ela vai com o guri lá... (soa como "gorila").

9 -  Não se começa frase pelas adversativas, tampouco se inaugura um parágrafo com um gerúndio: Mas... porém... todavia... Falando... Encontrando... 

10 -  Muitos infinitivos: Pensar poder fazer produzir essa terra...

11 -  Arredondamento dos períodos. A variedade exige mistura de períodos bem cadenciados, com outros que terminam em monossílabas.

As Figuras do Estilo

1 -  Permissão: Deixa-se ao leitor a decisão de alguma coisa: Se é justo ante Deus ouvir a vós antes que a Deus, julgai-o vós.

2 -  Prosopopeia: É a omissão de um termo que o texto e a situação permitem facilmente subentender. A elipse é figura de sintaxe, mas pode ser considerada como figura de estilo. Pela elipse pode-se omitir verbos, sujeitos, etc. Exemplos de frases usadas por Simões Lopes Neto, em seus "Contos Gauchescos":

Havia (de) se ver o jeito a dar.
De meio assombrado (que estava) se foi repondo.
Mara! Eu não pude!... (tirar a virgindade da moça) mas o furriel também não há-de!...
Então o gaúcho desenredava as boleadeiras e assinalava e mal (fazia) isto, já o bagual se aprumava. (Aqui, a omissão de 'fazia' depois de 'mal' aviva muito o sentido de rapidez, de pressa, na transição entre as ações do bagual e do gaúcho).

4 - Zeugma: Uma espécie de elipse na qual se omite um termo já expresso em oração anterior:
Com o muito cansaço e (o muito) sofrimento.
Em sua frente e (em seu) caminho.

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